quinta-feira, 11 de julho de 2019

Trocando em Miúdos "troca de sonhos" e deixa saudades



A marca pernambucana de acessórios Trocando em Miúdos encerra em julho de 2019 sua trajetória de 13 anos de sucesso. Quando o fim da marca foi anunciado em suas páginas nas redes sociais todos se perguntaram – mas por quê? A verdade é que ninguém esperava essa notícia, que a todos surpreendeu, nem mesmo seus colaboradores e, muito menos, seus clientes fiéis, tamanho o sucesso alcançado pela marca.  A partir de então, inúmeras e calorosas manifestações de amor à Trocando se sucederam nas redes sociais. Mas a consternação demonstrada e sentida não se resumiu a essas postagens. 
Post no Instagram comunicando o final da marca.
No dia do anúncio o telefone das lojas não parou de tocar, e, no dia seguinte, o volume das vendas superou o de uma semana inteira. De lá para cá, a caça às peças da marca manteve os pontos de venda diariamente repletos de clientes já saudosas, que voltavam quase que todos os dias a procura de alguma raridade ou peça desejo.

Poderíamos questionar, mas será que essas clientes realmente precisariam de mais um brinco? A resposta é sim, quando se trata de mais um brinco da Trocando em Miúdos. São inúmeros os atributos!
Brincos arquitetônicos
Fonte: @trocandoemmiudos

Design autoral, combinação de formas e cores ousadas e harmônicas, qualidade na manufatura. Design feminino, divertido, sensual e sofisticado, tudo em equilíbrio. Estética que conseguiu unir as culturas e a almas brasileira e pernambucana, sem que para isso fosse óbvia. Sem falar no ambiente aconchegante de seus pontos de venda. Uma fórmula que conquistou fãs e fez da marca um case de sucesso, inspirando e estimulando outros empreendedores a começarem a criar e investir em seus trabalhos autorais em nosso estado.


Design com formas geométricas
Fonte: @trocandoemmiudos


Design com formas orgânicas
Fonte: @trocandoemmiudos

Juliana Miranda e Amanda Braga
Fonte: @trocandoemmiudos

Fundada em 2006 pelas, então estudantes de Design da UFPE, Amanda Braga e Juliane Miranda, a marca foi batizada como Trocando em Miúdos, título de uma música de Chico Buarque em parceria com Francis Hime, de 1978. Homenagem mais do que natural, uma vez que suas idealizadoras costumavam criar ao som de Chico. 




Livro Colecionando Tempo
Fonte: @trocandoemmiudos


Toda a trajetória da Trocando está contada no livro “Colecionando o Tempo”, escrito por Luciana Veras, elaborado na e para a ocasião das comemorações de 10 anos da marca. Um material realizado com o maior esmero e qualidade gráfica, presenteado, por um período, às clientes.

Quando professora nos cursos de Estilismo e Design de Moda, sempre acreditei na importância de se trabalhar com coleções. O case da Trocando em Miúdos me fez ter ainda mais convicção nesta estratégia de design e marketing de moda. As suas coleções se tornaram tão icônicas que as clientes as conheciam pelos nomes e, a cada lançamento, estimulavam uma corrida às lojas. Afinal, para seu público, era importante garantir ao menos uma peça de cada coleção. 

As inspirações para as coleções da Trocando em Miúdos foram as mais diversas, mas sempre com um olhar voltado para o Brasil, como: a MPB (Fatal, Canção do Sal, É proibido proibir); a literatura (Felicidade Clandestina, inspirada em Clarice Lispector);  a arquitetura (Caminhos do Recife, Festa para Lina Bo Bardi); a Flora e Fauna brasileiras (Perene); o carnaval (Macuca, Eu acho é pouco). E por falar em carnaval, como será o nosso carnaval sem as novidades da Trocando?

Peças de coleções criadas para os carnavais.
Fonte: @trocandoemmiudos
Com Juliana Miranda e Thais Sobreira no lançamento da coleção do
carnaval 2019 no evento Bapho do Dragão
Fonte: Acervo pessoal

Outra estratégia da Trocando era batizar cada peça com um nome (Ex: Leda, Sideral, Lineker, Acabou Chorare, Marco Zero, Nélida Pinon), agregando identidade, história, e, por conseguinte, valor a cada um dos brincos, anéis, colares e broches produzidos. Muitas destas peças se tornaram clássicos da marca, mais conhecidos como “grandes clássicos”, estando presentes em várias coleções, incorporando apenas uma nova paleta de cores.
Se você é de Recife, provavelmente tem ou conhece alguém que tenha um
 desses "Grandes Clássicos" da Trocando

Fonte: @trocandoemmiudos

Mais algumas peças icônicas da marca
Fonte: @trocandoemmiudos

Quando se pensava que as designers da Trocando já não conseguiriam surpreender, elas nos presenteavam com o inusitado, como foi o caso da última coleção lançada pela marca, a Perene. Com essa fórmula, continuavam a estimular o amor e o desejo de compra das clientes.

Coleção Perene
Fonte: @trocandoemmiudos

Frequentar as lojas também era uma experiência, um evento no qual sempre conhecíamos outras mulheres com histórias semelhantes as nossas ligadas à marca, do tipo: - tenho tantas peças que já virou uma coleção; - daria para eu fazer um bazar apenas com as peças da marca; - vim comprar um presente, mas vocês têm aquela peça que apareceu hoje no Instagram?; e etc.

Casa Rosa (produção e loja) e Loja do Espinheiro
Fonte: @trocandoemmiudos
                                                                           

No meu caso, além do fato das peças da Trocando valorizarem meu estilo, desenvolvi uma relação com a marca que foi além do consumo. Minha mãe, portadora de Alzheimer, tornou-se cliente da marca já doente. Foram inúmeras às vezes que a levei para passear na rua de casa, onde fica a Trocando do Espinheiro, e precisei entrar na loja como meio de acalmá-la, para que parasse de chorar, sintoma comum em sua enfermidade. Ao entrar na loja, minha mãe, que sempre foi muito vaidosa e amou bijus, ficava mais calma no meio de tanto colorido e de formas diferentes. Por isso, agradeço à Trocando e as suas excelentes Thaís, Flávia e Pureza, pela sensibilidade e amabilidade com que sempre nos trataram no atendimento da loja.

Com Maria Eugênia Marinho (minha mãe) e as queridas vendedoras da loja do Espinheiro, Thais Sobreira e Flávia Andrade
Fonte: Acervo pessoal 



A vitoriosa história da Trocando em Miúdos é um exemplo perfeito de quando o design consegue emocionar, tocar as pessoas de alguma maneira, conquistando não apenas clientes, mas admiradores apaixonados. Um sonho almejado por todo criador, que foi alcançado com muito trabalho e talento por Juliane e Amanda, duas jovens Designers pernambucanas, que ainda irão surpreender muito. 

Sentiremos saudades!!!


segunda-feira, 17 de junho de 2019

Curso Gestão da Imagem Profissional

São cada vez maiores as exigências do mundo do trabalho. O Currículo e a competência não são os únicos elementos analisados em um profissional. Num contexto competitivo, a imagem pessoal, afirma-se como um elemento complementar às competências exigidas e como facilitadora das relações, não devendo, portanto, ser desprezada por candidatos a vagas de emprego, ou mesmo a uma ascensão profissional, tão pouco pelas empresas contratantes. 

O curso de Gestão da Imagem Profissional online pretende auxiliar os profissionais das mais variadas áreas a gerirem sua imagem pessoal no ambiente profissional (com foco na aparência), o que se reverterá não apenas em ganhos individuais, mas também aos seus empregadores.

Gestão da Imagem Profissional está ambientado na plataforma de cursos a distância da Inpromag, que conta não apenas com cursos na modalidade Ead, nas mais diferentes áreas, como também com cursos e eventos presenciais. 

Entre no link e conheça mais detalhes sobre o curso - Link para o Curso Gestão da Imagem Profissional online


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Quando uma simples compra de roupa pode virar um pesadelo

Blusa colocada à venda com esgaçado por
 uma loja Fast fashion
Em tempos de Fast fashion, atualizar o guarda-roupa com peças da estação é tarefa das mais simples. Inúmeras lojas trabalham com esse sistema, que propõe manter as araras abastecidas de novidades todas as semanas, em alguns casos, todos os dias, a preços populares.  

Podemos dividir em dois principais grupos as lojas que trabalham com este sistema. O primeiro, vende produtos que levam a própria marca, por meio de produção própria, terceirização ou uma mistura dos dois. O segundo, revende peças de outras marcas, que, por sua vez, também podem terceirizar suas produções. Além disso, muitas marcas conhecidas utilizam-se de confecções no Brasil e em países como Índia e Bangladesh, que trabalham com mão-de-obra barata, em alguns casos, escrava, para poderem praticar suas políticas de preços baixos.

Não se pode generalizar, mas diante do acelerado ritmo de produção e de reposição de estoque nas lojas, imposto pelo sistema Fast fashion, o controle de qualidade ficou prejudicado, resultando na colocação à venda de produtos que deixam muito a desejar. 

Peças mal cortadas, com modelagem estranha, mal costuradas, colarinhos franzidos e amassados, costuras repuxando e até, pasmem, com tecidos esgaçados, são colocados à venda sem o menor cuidado. Falhas que podem passar despercebidas, seja pela iluminação inadequada nos provadores, seja pela falta de atenção, motivada na empolgação natural quando se encontra determinada peça desejada, ou, até mesmo, pelo baixo nível de exigência, infelizmente comum entre nós, consumidores brasileiros. E é essa desatenção somada à baixa exigência do consumidor que acabam por estimular ainda mais as práticas pouco éticas por parte dos empresários.

Além das falhas destacadas, existem outros problemas que também podem acarretar prejuízo ao consumidor. O mais comum, é a falta de padrão da numeração na modelagem das peças. No Brasil, dependendo da marca, um P pode ser um M ou um PP. Tal condição dificulta muito o ato de se presentear com roupas, por exemplo. Sem falar nas peças que, aparentemente perfeitas, encolhem ou desbotam após a primeira lavagem. Ambos, problemas que deveriam ser detectados já no processo de produção ou controle de qualidade.

Quando o cliente identifica que a peça tão desejada veio com defeito, pensa que o pior já aconteceu, mas quando recorre à loja, descobre que o pior ainda estava por vir. De fato, muitas lojas, por desconhecimento das estratégias de marketing, prestam mau atendimento, dificultando ao máximo a solução do problema. Assim uma compra feliz pode se transformar numa grande dor de cabeça para o consumidor, acarretando à loja o risco de perder um cliente fiel. Sem falar que na era das redes sociais, o descontentamento pode ser compartilhado com milhares de outros consumidores.

Não é raro o consumidor paparicado no momento da compra se transforma em inimigo número 1. Ou seja, além de venderem peças com defeito, não pedem desculpas, não se comprometem em resolver o problema de acordo com a necessidade e gosto do cliente, e ainda ficam com raiva de quem apenas exige seus direitos. Demonstrações inequívocas do pouco profissionalismo, comprometimento com o consumidor e preocupação com a imagem institucional da empresa.

Em outro texto publicado neste blog, havia pontuado acerca de problemas em nosso varejo de moda, cada dia mais recorrentes. Reproduzo aqui algumas dicas dadas naquela ocasião e que são importantes para que evitemos comprar produtos com defeitos. Vamos a elas:

  • sempre provar a roupa antes da compra;
  • observar o caimento da peça;
  • analisar o acabamento da costura;
  • observar se não tem nenhum esgaçado, rasgo ou costura aberta;
  • ver se as mangas apresentam repuxo ou franzido em sua costura;
  • levante os braços e dê um abraço para ver se a cava da camisa, blazer ou vestido está curta;
  • fique atento a pequenas dobras nas extremidades da peça ou perto de costuras. Elas
  • podem ser apenas um simples amassado, mas podem demonstrar problemas em sua confecção;
  • verifique se as pregas estão alinhadas;
  • se tiver detalhes duplicados, observe se estão iguais em proporção e alinhados;
  • confira as etiquetas com informações sobre o material empregado e a forma de lavagem;
  • as listras devem se encontrar na costura que separa a frente e as costas de uma peça com esta estampa;
  • os blazers devem estar impecáveis, por isso, observe o forro e a entretela das golas, as vezes são pequenos e ficam repuxando.
E vocês, passaram por transtornos desse tipo? No quadro abaixo, trago dois casos ocorridos comigo, que ilustram problemas abordados nesta matéria






quarta-feira, 28 de setembro de 2016

As estampas da toda poderosa da Vogue

Anna Wintour

Anna Wintour, editora da Vogue América, mais conhecida pelo grande público como a pessoa que inspirou a criação da personagem de Maryl Streep em “o Diabo Veste Prada”, é, há pelo menos duas décadas, uma das figuras de maior influência no circuito da moda. Com trânsito livre entre os principais diretores de criação, em alguns casos, chega a visitar os ateliês nas diferentes fases da elaboração das coleções, quando costuma dar suas impressões e até contribuição para o produto final a ser apresentado nas passarelas.

O documentário “The September Issue” (2009) confirma o que se fala a seu respeito, exigente e fria na condução das edições da revista e no trato com seus colaboradores, Anna construiu uma sólida fama de competente e durona. Em contrapartida, sua disponibilidade em auxiliar e apostar em novos talentos ajuda a humanizar a sua pessoa. Assídua às principais semanas de moda, é uma das, se não a mais, festejada personalidade na primeira fila dos desfiles.

Os símbolos do estilo Anna Wintour

Anna é dona de um estilo tão marcante, que algumas características de sua imagem viraram sinônimo de “Anna Wintour”. Caso do seu corte de cabelo, um “Chanel” com franja impecavelmente simétrico, que carrega por anos. Não menos marcantes, são as diferentes versões de vestido que costuma usar, sem dúvida nenhuma, sua peça preferida do verão ao inverno. 

Assunto já abordado neste blog, o estilo pessoal é a representação da personalidade, estilo de ser, pensar e agir no mundo, por meio das escolhas que fazemos para o nosso visual.  Assim, é interessante perceber como algumas escolhas de Anna, em princípio, estariam descoladas em relação a sua imagem pública. Sua personalidade forte, aparentemente fria e reservada, contrasta com os seus vestidos bem femininos, de saias sequinhas ou rodadas,  no comprimento mídi, com ou sem mangas, e, em grande maioria, estampados. Mas ainda podemos analisar de outra forma. Ao investir numa aparência que foge do estereótipo dos profissionais de moda, adeptos do preto, peças lisas e sobreposições, ela se destaca ao manter um discurso imagético constante, que se tornou sua marca registrada. E isso demonstra o grau de autoconhecimento e segurança que possui.


Anna Wintour em diferentes versões de vestidos e estampas

Quando o assunto é estampa, Anna Wintour é eclética, usa das mais delicadas e miúdas a florais e abstratas de maior proporção, com ou sem textura, com fundos claros e escuros, inclusive, com contraste de cores. Com isso, acaba por enfraquecer alguns paradigmas. Um deles, o de que combinações monocromáticas seriam sinônimos de elegância e sofisticação, e ninguém melhor do que ela para provar que as estampas podem transmitir o mesmo, dependendo, é claro, da maneira com as combinamos e carregamos.

Anna Wintour em diferentes versões de vestidos e estampas

Ao se apresentar, seja no dia-a-dia, seja nas semanas de moda com um estilo pessoal e discurso visual marcantes e atemporais, a toda poderosa da Vogue nos dá a maior das lições fashion, a de que vale a pena investir e inovar na construção de um estilo próprio, usando a moda a seu favor, ao invés de seguir às cegas as tendências que ela própria promove em sua revista.

Para deleite de Anna e das amantes das estampas uma boa notícia, esta última temporada de desfiles (primavera-verão 2017), com destaque para Milão, apresentou as mais variadas versões de estamparia. Como podemos observar nas imagens selecionadas abaixo.

Desfiles das coleções primavera-verão na semana de moda de Milão. Da esquerda para a direita: Missoni, Salvatori Ferragamo, Prada, Versace, Marni, Fendi e Giorgio Amani

Desfiles das coleções primavera-verão na semana de moda de Milão. Da esquerda para a direita: Emilio Pucci, Dolce & Gabbana e Fausto Puglisi



quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Kim Kardashian e a volta da "asa delta"

Kim Kardashian com maiô asa delta metalizado

Será a volta às praias da modelagem de biquínis e maiôs que ficou conhecida como “asa delta”? Se depender de uma das mais influentes celebridades da atualidade, sim!!

Após sua segunda gravidez, Kim Kardashian aproveitou o verão no hemisfério norte para mostrar como recuperou rapidamente a boa forma. Com a naturalidade e exposição peculiares, fez questão de publicar fotos e vídeos em suas redes sociais de momentos que passou ao lado da família e amigos em praias mexicanas.

Os biquínis e maiôs eleitos pela mais famosa das Kardashians para ir à praia chamou a atenção, e teve um ponto em comum, a modelagem asa delta, que supervalorizou seus mais conhecidos atributos físicos. 

Vários modelos de asa delta usados por Kim Kardashian nesta temporada de verão
Os modelos de asa delta se caracterizam por ter uma parte de baixo com cavas bem acentuadas, quase alcançando a linha da cintura. Tiveram seu ápice nos anos de 1980, quando traziam composições de cores cítricas e neon. Já a proposta contemporânea, exibida por Kim, traz peças lisas, monocromáticas, com texto e predominância do preto e branco. 

Editorial do início dos anos 1990/ Maiô usado pela atriz 
Pamela Anderson no famoso seriado americano da década de 1980, SOS Malibu.
O caso específico da escolha de Kim Kardashian pela modelagem asa delta demonstra uma mudança clara no comportamento feminino neste início de século. Não faz muito tempo, as mulheres se preocupavam em disfarçar algumas características físicas que fugiam do que era considerado proporcional/ideal. Assim, colocando seus quadris em evidência, Kim, não apenas chama a atenção para suas formas e “decreta” a volta de um modelo de biquíni, mas também mostra que tem liberdade de modelar suas próprias formas por meio de um traje, quebrar paradigmas e influenciar muita gente pelo mundo afora a fazer o mesmo. Claro, tudo dentro do seu estilo, mais sexy do que nunca!

Exemplo de como o corpo pode ser remodelado por meio de um traje. À esquerda,um biquini usado 
por Kim em um verão passado e, à direita, o modelo usado por ela nesta temporada

Toda essa importante visibilidade promovida por Kim e outras famosas, como Kylie Jenner e Selena Gomez, podem fazer com que a asa delta volte a se popularizar, aposta de várias marcas americanas de moda praia para o verão 2017. No Brasil, até o momento, nenhuma grande personalidade do mundo da moda ou das artes aderiu a modelagem, e ainda é cedo para identificar se voltará a agradar às brasileiras como no passado.


Considerado o primeiro biquíni,
apresentado pela modelo alemã Mirian Etz em 1946. 


À título de curiosidade, o primeiro biquíni, criado por Louis Réard e apresentado em 1946 em Paris, também trazia a modelagem asa delta. 

Quem vai aderir???

terça-feira, 23 de agosto de 2016

O efeito Burkini

Por que um traje ainda causa tanta polêmica nos dias atuais, quando todas as barreiras estéticas, relativas à indumentária, pareciam ter sido ultrapassadas?

Quinze cidades Francesas, como Cannes, Nice, Villeneuve-Loubet e Sisco, proibiram o uso do chamado “Burkini” em suas orlas. Este traje, criado pela estilista australiana Aheda Zanetti, é uma adaptação da tradicional Burca, usado por algumas mulheres muçulmanas para ir à praia e praticar esportes. Composto de calça e blusa de mangas longas, com uma espécie de capuz ajustado a cabeça, cobre todo o corpo, deixando apenas mãos, pés e rostos a mostra.

Não é surpresa que as proibições ao Burkini tenham ocorrido exatamente na França, país que há alguns anos já havia proibido o uso do véu islâmico em locais públicos. No entanto, causa estranheza o fato dessa nação, que tem como lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, berço da moda, coibir o uso de qualquer tipo de traje em pleno século XXI.

Afinal, o que incomoda tanto aos franceses neste caso? Será a estética do Burkini em si? A submissão e opressão dessas mulheres, que, na visão deles, são obrigadas a usar o traje? Ou o medo do “terrorismo islâmico” que assombra a nação? Em geral, as autoridades justificam o ato dizendo que o traje transforma as mulheres em alvo e causa confusão. Já segundo o prefeito de Nice, cobrir inteiramente o corpo não corresponde ao ideal de relação social que o seu governo espera para a cidade. Tais argumentos e algumas confusões ocorridas em praias francesas por conta do Burkini, evidenciam tratar-se da mistura de medo com a dificuldade em aceitar o diferente, outros estilos de vida e pensamento, além da intolerância à convivência com determinado grupo. 

É de se lamentar quaisquer proibições que impeçam, mesmo que indiretamente, as muçulmanas de frequentarem essas praias, de curtirem um banho de mar, do jeito delas, respeitando sua cultura e religião. Isso, de certa forma, iguala a França a alguns países árabes, que impõem regras ao vestuário feminino, cerceando a liberdade de credo, com o agravante de ser um país laico. Assim, uma vestimenta criada para integrar grupos sociais distintos culturalmente, virou motivo de exclusão. 


Concomitantemente às proibições na França, o Burkini ficou em evidência nas Olimpíadas Rio 2016, quando a dupla de vôlei de praia do Egito, Doaa Elghobashy e Nada Meawad, competiu vestindo o traje. A participação das muçulmanas chamou a atenção do público e da imprensa, tanto pela diferença do tradicional uniforme usado nesta modalidade esportiva, quanto pelo calor que as atletas tiveram que enfrentar nas areias quentes de Copacabana. No entanto, mesmo estranhando, o público presente à arena não demonstrou qualquer incômodo, pelo contrário. Foi enriquecedor ver a mistura e o congraçamento de culturas tão diferentes num evento tão importante.

Disputa entre a egípcia Doaa Elgobashy e a alemã Kira Walkenhorst 
Nesse contexto bastante polêmico, é interessante avaliar como o Burkini remodela e ressignifica os corpos femininos. Se por um lado, o biquíni permite a completa exposição das formas, por outro, o traje das muçulmanas não apenas cobre todo o corpo, mas esconde silhuetas e detalhes. 

De um corpo aparentemente livre a um corpo desenhado por dogmas religiosos, no qual as subjetividades e a sensualidade são proibidas, evidencia-se a distância que insiste em diferenciar a realidade das mulheres num mundo globalizado. Contraponto registrado por uma das fotos mais marcantes da Olimpíada do Rio.


Essa discussão em torno do Burkini está longe de chegar ao fim em território europeu, seja com relação a imposição cultural e religiosa do uso do traje às mulheres muçulmanas, seja pela sua proibição nas praias francesas, que pode ser estendida a outros países. Surpreendentemente, as proibições catapultaram as vendas do Burkini, inclusive para não-muçulmanas. Fenômeno que merece uma futura reflexão!

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Chegou o Instagram Stories, e agora???

A velocidade com que surgem e se atualizam aplicativos/redes sociais gera muitas interrogações e confusão na cabeça de produtores de conteúdo e seguidores. Isso ficou evidente na semana passada, após a última atualização do Instagram.

A função “Stories” no Instagram chegou para concorrer com um aplicativo/rede social que vinha crescendo de forma exponencial do ano passado pra cá, o Snapchat, tema de outro texto publicado neste blog (Snapchat, amoda e Thaynara og!!!). O Instagram Stories, assim como o Snap, proporciona ao usuário a possibilidade de realizar vídeos de apenas 10 segundos, que ficam disponíveis por apenas 24 horas.

Memes relacionados a suposta cópia do Snapchat pelo Instagram
Surgiram especulações de que Mark Zuckerberg, o criador do Facebook e também proprietário do Instagram e Whatsapp, teria copiado o Snapchat porque foi frustrado em mais de uma tentativa de adquirir o aplicativo. Logo pipocaram as análises e memes relacionados ao Stories, chamado popularmente de “Instasnap”. À respeito, Mark declarou que não via problema nenhum em copiar, e que esta seria uma prática comum no Vale do Silício.

 

Independentemente da ética que envolveu a criação do Instagram Stories e do seu pouco tempo de funcionamento, é possível afirmar que foi mais um golpe de mestre de Mark Zuckerberg. E que sim, poderá acabar com a ascensão que vinha tendo o Snapchat, usado, por exemplo, por Hillary Clinton para divulgar o dia-a-dia da sua campanha à presidência americana.

O Instagram tem quatro vezes mais usuários do que o concorrente, que seguem um número infinitamente maior de pessoas, marcas e veículos de comunicação em comparação com os seguidores da original rede de produção de conteúdo em vídeo. No geral, todos que estão no Snapchat, estão no Instagram, mas a recíproca não é verdadeira, até mesmo pelo próprio formato do aplicativo/rede.

Diferentemente do Instagram, para começar a seguir uma determinada pessoa no Snap é imprescindível ter o seu exato username, do contrário, pela falta de alternativas que facilitem a busca, gera-se grande dependência do boca a boca para se conseguir ampliar o número de seguidores. Assim, pensando apenas em termos de praticidade, é muito mais simples que um usuário do Instagram passe a postar e assistir vídeos na própria rede do que migrar para outra ainda desconhecida, que faça a mesma coisa. E isso ficou claro nos primeiros dias do Stories, quando muitos aderiram a novidade e se percebeu que a ferramenta daria acesso a um número bem maior e facilitado seguidores e produtores de conteúdo na internet.
 
O interessante foi notar o atordoamento que esta novidade causou naqueles que estavam no Snapchat há algum tempo, entre eles, artistas e apresentadores de tv e personalidades da internet, como blogueiras de moda, decoração e viagens. Sem falar nos muitos que ganharam notoriedade e que têm nesta rede social seu maior número de seguidores, caso de brasileiros que moram no exterior e fazem sucesso mostrando os lugares onde vivem e seus estilos de vida. A maioria manifestou resistência, confusão e apreensão, fazendo colocações e questionamentos do tipo: “não conseguirei dar conta de mais uma ferramenta”; “faço os dois?”; “fico em um só?”; “migro de vez para os vídeos do Instagram?”. Já para quem ainda não navegava neste aplicativo de vídeos, o Stories foi uma ótima solução para divulgar, mesmo que de forma indireta, produtos e serviços.

Contudo, precisamos considerar questões observadas após alguns dias de funcionamento do Stories. O número de likes no Instagram, por exemplo, diminuiu. O que provavelmente foi causado pela preferência das pessoas em assistirem os vídeos, deixando as fotos de lado. Neste caso, Mark Zuckerberg pode ter “criado” um concorrente para o seu próprio aplicativo. Além disso, a ferramenta possui desvantagens comparativas com o Snapchat, como o fato dos vídeos demorarem muito para carregar, tornando-a cansativa e pouco dinâmica, o que vem desanimando seguidores.

 


Anna Wintour registrando seu dia-a-dia de trabalho em vídeos no Instagram Stories


Como sempre, a moda e seus personagens saíram na frente no uso de mais uma ferramenta de divulgação e interação na internet. E um símbolo importante de que a área não desconsidera qualquer nova forma de aproximação com seus públicos, foi a célere adesão da Vogue americana a novidade. De forma surpreendente, a poderosa editora chefe, Anna Wintour, inaugurou o Instagram Stories no mesmo dia do seu lançamento, mostrando-nos os bastidores de sua rotina na revista. As marcas de roupas e acessórios de pequeno e médio portes também aderiram rapidamente ao Stories, aproveitando-se da vantagem do número de seguidores que já possuíam no Instagram.

A verdade é que com esta multiplicação de redes sociais, ferramentas, mídias, formatos e maneiras de se comunicar e se conectar na internet, pessoas e empresas precisam dedicar mais tempo e esforços à tarefa nada fácil de conquistar e manter seguidores. Por outro lado, o cenário se torna confuso para os seguidores em função da infinidade de possibilidades. Ainda não é possível antecipar as consequências dessa "corrida maluca", mas sabemos que tem interferido na maneira como interagimos pessoal e profissionalmente e no tempo (qualidade e quantidade) que dedicamos ao mundo físico em contraponto com o virtual.

Como diz o sociólogo Zygmunt Bauman, vivemos num mundo líquido, no qual certezas, crenças e práticas não são mais sólidas, são diluídas de uma forma muito veloz. Esse pensamento explica a profusão de focos de atenção no mundo digital que nascem, morrem e se canibalizam de forma rápida, para atender a nossa cada vez mais premente necessidade por novidade. 

Quanto à concorrência entre o Instagram Stories e o Snapchat, teremos que aguardar os próximos capítulos.