Ensinávamos aos alunos que a indústria da moda
estaria alicerçada na proposição periódica de novidades ao mercado, tendo as
estações do ano como parâmetro para o desenvolvimento e lançamento de coleções.
E que as peças desfiladas nas passarelas chegariam às lojas apenas seis meses
após a apresentação. Certo? Até pouco tempo atrás, sim!!!
Da esquerda para a direita fotos dos desfiles das marcas:Patricia Viera, Isabela Capeto e Maria Filó (Rio Moda Rio) |
Ainda não sabemos se para o bem ou para o mal, mas, com certeza por necessidade, o sistema de moda está passando por uma grande revolução, alterando essencialmente um modelo que perdurava desde a consolidação do prêt-à-porter e das principais semanas de moda do mundo.
A verdade é que nunca o caráter efêmero da moda foi
tão adequado para defini-la. Efemeridade hiperestimulada pela velocidade com
que as informações são compartilhadas democraticamente nas redes sociais, blogs
e sites. Hoje, os desfiles e presentations
são conferidos em tempo real por milhares de pessoas em todo o mundo, criando
um desejo instantâneo que precisa ser prontamente atendido. E foi para atender
a esta nova realidade, que a indústria da moda teve que mudar.
Agora, começa a valer o sistema batizado de "see now, buy now" (ver agora, comprar agora), que propõe o lançamento das coleções no varejo simultaneamente as suas apresentações nas passarelas. Além disso, concomitantemente, começa a perder força a ideia de uma coleção produzida exclusivamente para atender a uma estação do ano, dando lugar a um visual que estimule o desejo, ao mesmo tempo, nos quatro cantos desse mundo globalizado.
Peças da Mochino e da Prada colocadas à venda logo
após os respectivos desfiles
|
A primeira marca importante a anunciar oficialmente que adotaria o "see now, buy now” foi a Burberry, que também adotou a estratégia de não mais dividir suas coleções em verão e inverno. Outras marcas, como Tom Ford, Diane von Furstenberg e Michael Kors seguiram o exemplo. Lembrando que a Mochino já trazia esta proposta em 2014, sem muita repercussão.
A “Rio Moda Rio”, em sua edição de estreia, foi a primeira semana de moda a aderir ao novo sistema. E a São Paulo Fashion Week, que já havia abandonado a nomenclatura Inverno/verão, divulgou que a partir de 2017 ajustará o evento aos lançamentos das marcas nas lojas.
Como toda mudança, ainda mais esta que mexe com toda uma cadeia produtiva, não é simples e passará por um momento de transição, inclusive, com resistências e desconfianças. Especificamente para as indústrias ligadas à moda, um desafio que alterará todo o desenvolvimento de novos produtos, dos fios à confecção das peças.
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