quarta-feira, 22 de junho de 2016

A hora e a vez do “see now, buy now”

Ensinávamos aos alunos que a indústria da moda estaria alicerçada na proposição periódica de novidades ao mercado, tendo as estações do ano como parâmetro para o desenvolvimento e lançamento de coleções. E que as peças desfiladas nas passarelas chegariam às lojas apenas seis meses após a apresentação. Certo? Até pouco tempo atrás, sim!!!  

Da esquerda para a direita fotos dos desfiles das marcas:Patricia Viera, Isabela Capeto e Maria Filó (Rio Moda Rio)

Ainda não sabemos se para o bem ou para o mal, mas, com certeza por necessidade, o sistema de moda está passando por uma grande revolução, alterando essencialmente um modelo que perdurava desde a consolidação do prêt-à-porter e das principais semanas de moda do mundo.

A verdade é que nunca o caráter efêmero da moda foi tão adequado para defini-la. Efemeridade hiperestimulada pela velocidade com que as informações são compartilhadas democraticamente nas redes sociais, blogs e sites. Hoje, os desfiles e presentations são conferidos em tempo real por milhares de pessoas em todo o mundo, criando um desejo instantâneo que precisa ser prontamente atendido. E foi para atender a esta nova realidade, que a indústria da moda teve que mudar.

Agora, começa a valer o sistema batizado de "see now, buy now" (ver agora, comprar agora), que propõe o lançamento das coleções no varejo simultaneamente as suas apresentações nas passarelas. Além disso, concomitantemente, começa a perder força a ideia de uma coleção produzida exclusivamente para atender a uma estação do ano, dando lugar a um visual que estimule o desejo, ao mesmo tempo, nos quatro cantos desse mundo globalizado.

Peças da Mochino e da Prada colocadas à venda logo
após os respectivos desfiles

A primeira marca importante a anunciar oficialmente que adotaria o "see now, buy now” foi a Burberry, que também adotou a estratégia de não mais dividir suas coleções em verão e inverno. Outras marcas, como Tom Ford, Diane von Furstenberg e Michael Kors seguiram o exemplo. Lembrando que a Mochino já trazia esta proposta em 2014, sem muita repercussão.  

“Rio Moda Rio”, em sua edição de estreia, foi a primeira semana de moda a aderir ao novo sistema. E a São Paulo Fashion Week, que já havia abandonado a nomenclatura Inverno/verão, divulgou que a partir de 2017 ajustará o evento aos lançamentos das marcas nas lojas.


Como toda mudança, ainda mais esta que mexe com toda uma cadeia produtiva, não é simples e passará por um momento de transição, inclusive, com resistências e desconfianças. Especificamente para as indústrias ligadas à moda, um desafio que alterará todo o desenvolvimento de novos produtos, dos fios à confecção das peças.

O "see now, buy now", contudo, denota um comportamento do consumidor que vai de encontro ao discurso amplamente festejado na atualidade, que exalta o consumo consciente e sustentável. Pelo contrário, demonstra o quão ávidas as pessoas ainda então por consumir o novo. O que acham dessas mudanças?

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